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Francisco Ferreira

2 de Fevereiro de 2020      9 minutos para ler

Kodachi Setúbal: do Japão para a Arrábida

Nem só de choco frito se vive em Setúbal. Em plena Avenida Luísa Todi, o restaurante Kodachi Setúbal proporciona uma rápida fuga para outra dimensão. O nome do restaurante, que se encontra espalhado por outros restaurantes igualmente pertencentes à Empório Sabores, era o nome dado à segunda espada dos Samurais, no Japão feudal, destinada a lutas de corpo a corpo. E é desse Japão que o sushi tradicional provém, embora já tenha sofrido diversas ocidentalizações, como a adição de queijos e molhos provenientes de outros lugares do mundo, resultando numa cozinha de fusão bastante rica e variada.

O espaço, limpo e climatizado – possui ar condicionado –, dispõe de uma decoração de muito bom gosto, com motivos orientais e design moderno, contrastando com o exterior do edifício, de carácter novecentista. No seu interior, é disponibilizada uma excelente rede móvel e wi-fi, o que seria de esperar, já que o restaurante se situa no coração da cidade. Na avenida, o estacionamento é pago; no entanto, pode estacionar gratuitamente na zona do porto, perto das docas da Dolphin Bay – foi o que nós fizemos, uma vez que tínhamos desfrutado de um passeio de barco na mesma manhã.

Interior do restaurante

Durante uma viagem de três dias à Serra da Arrábida, decidimos parar para almoçar em Setúbal, experimentando o recente espaço do restaurante Kodachi Setúbal. Desde o primeiro momento, constatámos bastante simpatia e atenção por parte de todos os funcionários, podendo classificar o atendimento como qualificado – fomos recebidos pelo gerente (Dr Vítor Costa). Depois de nos sentarmos à mesa, fomos delicadamente atendidos e, pouco depois de termos realizado o pedido, já nos traziam as entradas: 8 makis tempura com creme de queijo e sementes de sésamo, e 2 crepes de vegetais, temperados com molho sweet chili, de que gostei bastante, devido às diversificadas texturas e sabores. Em breves instantes, já se encontrava à mesa o tabuleiro principal, cujo conteúdo pudemos provar: makis, nigiris e sashimi à base de vários peixes (como salmão, atum e corvina) e de outros alimentos e condimentos (algas nori, maracujá, lima, morango, framboesa, abacate, cebola frita, cebolinho, salsa, sementes de sésamo e molho sweet chili, entre outros). 

Pessoalmente, as peças que mais recomendo são os gunkans (tipo de maki sem alga nori e com ingredientes no topo) de salmão, maracujá e framboesa, os nigiris tempura com sweet chili, cebolinho e sementes de sésamo, e o sashimi de salmão e corvina, acompanhado do suculento nabo japonês. O que mais me fascina neste género de gastronomia é a imaginação e a criatividade dos chefs, ao dar aos ingredientes diferentes funções e confecioná-los de formas diferentes, como o salmão nos gunkans, que, ao envolver o arroz, substitui as folhas de nori, apresentando-se, por vezes, ligeiramente tostado, contrariando o típico estereótipo do peixe cru. Pudemos deliciar-nos durante toda a refeição com a habitual companhia do gengibre (sem corante) e do wasabi (pasta originária do Japão, cuja pigmentação esverdeada se deve à planta wasabia japonica, de sabor muito forte e picante). Também achei curioso o facto de, no tabuleiro, haver uma lima – ou melhor, a casca duma lima, visto que tinha sido retirada a polpa – com álcool em chama no seu interior, que provocava um bonito efeito visual. Mas tenha cuidado! Não experimente prová-lo! Eu mergulhei o meu hashi no líquido e pude comprovar que se tratava mesmo de álcool etílico. Depois desta agradável refeição, já nos encontrávamos satisfeitos, mas ainda decidimos saborear uma sobremesa, ao gosto do chef. Sem demora, trouxeram-nos duas bolas de gelado, uma de côco e outra de manga, acompanhadas de morango, framboesa, hortelã e bolacha picada. A particularidade deste gelado em relação ao gelado ocidental – isto é, aquele que é comercializado no dia-a-dia – é que a bola com aroma de manga estava envolvida por uma camada de mochi (uma massa japonesa feita à base de arroz que também pode ser degustada sob a forma de bombom ou cupcake). Se não apreciar manga ou côco, pode optar pelos outros dois sabores disponíveis, sésamo e chá verde. É uma sobremesa bastante deleitosa, já que é refrescante, saborosa e variada, e não é enjoativa, devido à leveza dos sabores e ingredientes. Para acompanhar a refeição, pode escolher entre uma grande variedade de bebidas, desde água a sakes e sapporos (bebidas alcoólicas).

Refeição (entradas, tabuleiro principal e sobremesa)

Dada a refeição por concluída, dirigimo-nos ao balcão para ficar a saber mais sobre o espaço e sobre a refeição que nos tinha sido servida. Depois de uma conversa com a gerente (Dra Vera Teles), ainda houve espaço para um breve convívio com o chef e os demais empregados, assim como para recolha de imagens do local. Ficámos a saber que, para além deste restaurante em Setúbal, ainda existem outros espaços da mesma empresa no Barreiro – onde funciona a sede –, em Azeitão – onde existe a opção de rodízio e buffet –, na Moita – onde se pode também apreciar pratos quentes, como choco frito e lombinho – e em Sintra, e já se pensa em inaugurar um novo espaço em Lisboa, na zona da Luz. De acordo com a Dra Vera Teles, para os mais apreciadores de sushi, é mais recomendado visitar os restaurantes de Setúbal, de Sintra e de Azeitão, para evitar a mistura de diferentes cheiros que se fazem sentir na Moita e no Barreiro. No restaurante de Setúbal, está prevista para breve a instalação de uma esplanada com cerca de 20 lugares, para que as refeições possam ser apreciadas a céu aberto. O sushi que se degusta nestes restaurantes não é nem um pouco próximo daquilo que, no Japão tradicional, se confecionava originalmente – e isto não é necessariamente um aspeto negativo. Segundo o que se sabe e o que a história nos conta, o gengibre não funcionava como um aperitivo ou como um ingrediente adicional (tal como é hoje), mas sim para limpar o paladar antes de comer outro tipo de peixe. Também se sabe que a preparação era completamente diferente da que se faz hoje: os japoneses costumavam envolver o peixe com bastante arroz e deixá-lo numa fase de repouso por algum tempo, até que o mesmo estivesse fermentado. No fim, confecionava-se o peixe, mas o arroz não era aproveitado.

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Chef do restaurante

As refeições neste restaurante não são baratas, de todo, mas a relação qualidade-preço é justa, pensando que, na cozinha, há várias pessoas a trabalhar minuciosamente para que tudo esteja perfeito: o sabor, a textura e, por fim, o empratamento. É verdadeiramente um local para apreciadores de boa cozinha japonesa de fusão.

Resumindo:

 • Preço: 20€/pessoa (estimativa)

 • Horário: terça a sábado (12h - 15h / 19h - 23h); domingo (12h30 - 15h30)

 • Take-away: sim

 • Métodos de pagamento: Visa, Mastercard e ATM

 • Contactos: 265 417 117 / geral@emporiosabores.pt

 • Localização: Kodachi Setúbal

Para ver mais sobre o restaurante, clique aqui.

Informações úteis:

 • Temperatura média: 14ºC (Inverno) e 30ºC (Verão)

 • Localidades próximas: Lisboa, Almada, Montijo, Alcácer do Sal, Montemor-o-Novo

Dê uma vista de olhos no meu Álbum de Fotografias da Serra da Arrábida e no vídeo abaixo, que mostra, de forma sucinta, a deliciosa refeição que tive a oportunidade de degustar neste restaurante.

Imagens: Francisco Ferreira (PhotosOfEurope)

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