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Francisco Ferreira

14 de Dezembro de 2019      11 minutos para ler

DolphinBay: navegando com roazes

Situa-se a cerca de 40km de Lisboa, é rodeada de praias de água cristalina, de fortalezas imponentes e de arribas deslumbrantes e é o ponto de chegada do Estuário do Sado. Refiro-me à Baía de Setúbal, uma região de rara beleza e singularidade que tem muito para oferecer a quem a quiser visitar. Mais concretamente, a baía é delimitada, a Norte, pela Serra da Arrábida – uma extensa elevação montanhosa, localizada entre o Cabo Espichel e a cidade de Setúbal, onde se pode encontrar algumas das praias mais bonitas de Portugal e até mesmo do Mundo –, a Sul e Oeste, pelo Oceano Atlântico – do qual a baía também faz parte –, e a Leste, pela Península de Tróia – faixa de solo arenoso formada pelo depósito de sedimentos desde há cerca de 5000 anos. E é devido à existência de tal península que o rio Sado se transforma num belo estuário, formando um ecossistema único, ao reunir condições essenciais à fixação de variadíssimas espécies, entre as quais a dos roazes-corvineiros, popularmente conhecidos por golfinhos-roazes. Estes, levando uma vida descontraída, entre o rio e o mar, a “cavalgar“ de onda em onda, são, ao longo do dia, frequentemente visitados por turistas humanos, com os quais gostam de brincar, realizando autênticos shows de malabarismo, como se de um circo ou de um jardim zoológico se tratasse.

Paisagens da Serra da Arrábida e da Península de Tróia

Por isso, com o objetivo de assistir a este espetáculo da Natureza, deslocámo-nos à cidade de Setúbal, numa calma e bela manhã. Estacionámos o carro mesmo em frente ao cais de embarque, cerca de 20 minutos antes das 10h (hora prevista para o início da atividade), conforme solicitado pela operadora, para a realização do check-in. Depois disso, os passageiros foram entrando na embarcação, cuja lotação máxima é de 75 pessoas, dado que, às 10h, as amarras já estavam a ser soltadas. Após a partida e uma breve apresentação da tripulação do barco, começámos a afastar-nos de terra firme e, por sua vez, a Península de Tróia e a paradisíaca encosta da Arrábida começaram a tomar lugar na paisagem. Por esta altura, enquanto os passageiros exploravam a moderna embarcação, já os biólogos procuravam, com o auxílio de binóculos, os protagonistas da excursão: os golfinhos. A bordo, as tarefas estão bem definidas e divididas: a Dra. Patrícia Mota e o Dr. Fábio Matias são biólogos marinhos, o Dr. Tiago Rodrigues é marinheiro e o Dr. Hugo Marques é o mestre da embarcação. Desde o primeiro momento, constatámos muita simpatia e atenção por parte desta tripulação, podendo, assim, classificar o atendimento como especializado.

Embarcação e início da viagem

O barco ia avançando cada vez mais, visto que, a certa altura, já se avistava a majestosa Serra do Risco (a escarpa litoral calcária mais elevada de toda a Europa – afinal, trata-se de uma queda de 380m mesmo em frente ao mar). E, já a vila de Sesimbra aparecia, a pouco e pouco, por detrás das arribas, a fome ia apertando, assim como a gula: o bolo de chocolate que estava no bar tinha um ótimo aspeto, pelo que eu, enquanto blogger e apreciador, decidi prová-lo (1,50€ cada fatia). Embora o aspeto do bolo se equiparasse (e muito) ao sabor, não me aguentei sentado ali por muito tempo, pois fui atraído por umas escadas que iam dar a uma sala, onde existiam várias janelas, que permitiam ver debaixo de água, devido ao facto de o compartimento ficar abaixo do nível do mar. A partir da janela, via-se, de vez em quando, uma alga, e, raramente, um ou outro peixe (de pequeno porte). Só não consegui ver o fundo do mar, devido à profundidade do local em que nos encontrávamos. Pouco depois de sair da sala, era meio-dia, e os golfinhos ainda não tinham aparecido. Apressei-me a subir de novo para o convés, para garantir que não perdia o grande momento.

Porão e fatia de bolo

A determinada altura, começámos a avistar pequenos respingos, ainda que estivessem um pouco longe. Em breve, tivemos a certeza de que eram golfinhos. Aproximámo-nos, e o espetáculo era magnífico. Imensos golfinhos saltitavam e mergulhavam energicamente nas águas límpidas e azuis do Atlântico. Para obter uma experiência ainda mais completa, a Dra. Patrícia permitiu-me que descesse para uma rede, que quase tocava na água, de forma que os golfinhos nadavam mesmo ali ao meu lado e, por vezes, saltavam tão alto que quase me alcançavam! O momento foi tão maravilhoso, tão único, tão belo, que só me apetecia que aquele bocado não acabasse e que eu pudesse mergulhar no límpido oceano e, juntamente com aqueles seres encantadores, explorar a baía e todos os recantos da costa alentejana…

Golfinhos-comuns ao largo de Sesimbra

No entanto, a fim de respeitar a legislação imposta pelo Parque Natural da Serra da Arrábida para a proteção dos animais, o momento da observação não durou mais que 30 minutos, pelo que, por volta das 12h30, a embarcação já estava de regresso a Setúbal. Voltámos a contemplar a Serra do Risco, as praias, o Convento da Arrábida e o eminente Forte do Outão. Pouco depois, o Dr. Fábio ofereceu, a cada passageiro (adulto), um copo de moscatel, bebida típica da região. À medida que o barco se aproximava do continente, a temperatura ia aumentando significativamente e, quando aportámos, os termómetros setubalenses marcavam os 31ºC.

Paisagens no regresso e Moscatel de Setúbal

Profissional do primeiro ao último minuto, a equipa deu o seu trabalho como encerrado, tendo a sua competência sido merecidamente aplaudida e reconhecida. Se estiver interessado em participar numa excursão com a Dolphin Bay, não se esqueça de levar um chapéu, protetor solar e, obviamente, uma máquina fotográfica, para registar os momentos mais especiais da atividade. A operadora também oferece a possibilidade da realização de mergulhos a partir do barco, disponibilizando material de snorkelling, depois da observação, apenas caso haja tempo para tal. Durante a atividade, pode também acontecer que não consiga observar nenhum golfinho. Embora não haja reembolso, ser-lhe-á dada a oportunidade de repetir a experiência gratuitamente, numa data à sua escolha. Contudo, não é impossível que, em vez dos golfinhos-roazes (do Sado), encontre outra espécie de golfinhos que esteja a passar pela zona, como os golfinhos-comuns – foi o nosso caso. Talvez até tenhamos tido sorte, uma vez que, segundo os biólogos, estes golfinhos costumam ser mais “brincalhões” do que os roazes-corvineiros. Para seu agrado, o preço não é, de todo, exorbitante, custando apenas 35€ por pessoa (gratuito até aos 3 anos / 15€ até aos 12 anos), tornando, deste modo, a relação qualidade-preço muito cativante. O barco é muito estável e acolhedor, não lhe faltando duas casas de banho, um convés (com terraço) espaçoso e um bar com mesas e bancos, onde pode comprar algumas recordações a preços acessíveis – para além da cabine e de outros espaços de acesso restrito. Dispõe também de coletes salva-vidas e de todos os seguros de proteção exigidos por lei, estando a segurança, portanto, garantida.

Compartimentos a bordo

A sua propulsão é parcialmente elétrica, estando prevista, para breve, uma conversão da mesma para totalmente elétrica. De forma a tornar o barco mais acessível, foi disponibilizado o acesso a passageiros com necessidades especiais, quando acompanhados por um prestador de cuidados, e a cadeiras de rodas e equipamentos não elétricos. 

Pessoalmente, gostei bastante desta atividade, que evidenciou o quão maravilhosa é a Natureza, tristemente em risco se não mudarmos certos comportamentos e não invertermos o vertiginoso caminho de destruição deste planeta.

Resumindo:

 • Preço: 35€/pessoa (gratuito até aos 3 anos / 15€ até aos 12 anos)

 • Duração: 3h

 • Grupos: até 75 pessoas

 • Inclui: seguros exigidos por lei

 • Não inclui: despesas alimentares, souvenirs, etc

 • Contactos: 937 882 746 / 916 326 452 / geral@dolphinbay.pt

 • Localização: Dolphin Bay – Golfinhos (Setúbal)

Para ver detalhes sobre a visita, clique aqui.

Informações úteis:

 • Temperatura média: 14ºC (Inverno) e 30ºC (Verão)

 • Localidades próximas: Lisboa, Almada, Montijo, Alcácer do Sal, Montemor-o-Novo

Dê uma vista de olhos no meu Álbum de Fotografias da Serra da Arrábida e no vídeo abaixo, que mostra, resumidamente, o que se pode fazer durante a excursão.

Imagens: Francisco Ferreira (PhotosOfEurope)

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